Por que me atraio pelo caos romântico?

Por aquela atração que faz acelerar o coração, mas que destrói depois, na mesma intensidade.

A resposta é muito simples: paixão vicia, é que nem droga.

Eu poderia ficar na calmaria, no amor quietinho, ou até em amor nenhum, mas sempre escolho dar um jeito de atiçar o peito.

Fico quase taquicardíaca, numa mistura de sensações boas e ruins, alternando entre êxtase e decepção. Talvez a paixão pudesse ser considerada um tipo de bipolaridade, com toda essa alternância.

Não acho que me faça bem. Me deixa doida, descontrolada. Só consigo pensar nisso e não consigo parar de pensar.

Enquanto toco as teclas do meu computador, me arrependo de ter respondido àquela mensagem. Aquele assunto já estava terminado, acabado, findado, mas eu tive que ir lá remexer nos restos mortais só para ter um pequeno momento de... de quê?

De achar que importo para alguém, de sentir que sou interessante, sei lá.

Eu fui grosseira. Ele visualizou e não respondeu.

No fundo eu sei que um dia vai reaparecer. Assombração não some de verdade, mas da próxima eu vou ignorar.

Será?

Será que vou ser forte quando isso acontecer?

Ou o vício vai falar mais alto?

Eu me gabo de nunca ter abusado de qualquer substância, mas a verdade é que minha droga é essa: paixão. Essa sensação de euforia que o sexo oposto provoca em mim.

Talvez eu precise de reabilitação, já que muitas vezes é mais forte do que eu. Eu poderia simplesmente ter excluído a mensagem, não responder nunca e não transformar o antigo ponto final em uma vírgula.

Escrevi mais um capítulo (de duas frases, mas ainda um capítulo), no qual quem termina machucada sou eu (mas é sempre assim mesmo).

Da próxima vez, vou pensar mais com a cabeça e menos com o coração. Eu preciso ser mais forte que isso. Será que consigo? Geralmente sucumbo e não sou nem um pouco racional, passando vergonha e derramando lágrimas (pelo menos desta vez isso não aconteceu, mas também não era pra tanto).

Fuja da paixão, ela te faz fazer coisas das quais depois você se arrepende. Já fiz cada coisa por paixão...

Não é amor, é só vício.  

 

Já parei de contar

Há quanto tempo não sinto mais

Animação e entusiasmo

Já não conheço

 

Infelizmente as coisas ruins

Ainda sou capaz de sentir

E meu rosto se inunda

De ondas do mar

 

Pelos motivos mais bobos

Perco o chão

E não encontro mais nada

Esse virou o meu normal

 Acabei de ver um vídeo seu. O cabelo bem curtinho, tocando piano, daquele jeito engessado que você ficava quando treinava demais alguma coisa e mesmo assim errava.

Desci o feed até ver aquela época em que você era engajada com a sua rede social, era animada, destemida e se sentia confortável em postar tanta coisa. Você era diferente do que é hoje.

Claro que todo mundo muda, mas não tem nada de errado em um pouco de nostalgia, certo? Porque é disso que quero falar: sobre como sinto saudades de você.

Você continua linda, talvez até mais, mas perdeu muito.

Perdeu seu brilho, suas esperanças, aquela atitude divertida que fazia de você, você mesma. Hoje, só passa mensagens positivas nas quais nem acredita por obrigação. Naquela época você acreditava.

Acreditava, amava, sonhava. Quando foi a última vez que você se permitiu sonhar? Sem pressão ou o pé pessimista atrás, só imaginando como seria bom...

Eu gostava muito de você.

Talvez eu fosse a única que te amasse de verdade, mas eu amava, mesmo. Hoje não sei se te amo. Tenho minhas dúvidas. Às vezes sim, às vezes não. Talvez eu só te tolere.

Lembra de quando você passava horas no piano, se sentindo transportada? Treinando, criando, se deliciando entre notas e letras (algumas tristes, mas, mesmo assim, tão bonitas).

Ele me despertou este interesse. Ele, aquele instrumento que você deixou para trás, prometendo que um dia iria voltar a tocar, mas já faz quatro anos e nada dos teus dedos acariciarem aquelas teclas.

Você diz que não tem dom, que tem dificuldade, o que pode até ser verdade, mas não é desculpa para abandonar algo que te fazia tão feliz. Em que momento aquilo parou de te fazer feliz?

Você foi definhando aos poucos. Foi um processo horrível de acompanhar, e agora esta desse jeito: estranho, nem uma coisa e nem outra, sem se importar de verdade com nada, só sobrevivendo.

Seu rosto carregava sorrisos, hoje o peso da dor faz a boca cair para baixo. Não adianta perguntar o que aconteceu com você, a gente não sabe explicar muito bem. Foram tantas pequenas coisas. Algumas que sempre estiveram ali, outras que foram surgindo e te danificando ainda mais.

Eu só queria dizer que foi bom revisitar o que você já foi um dia, me encheu de esperança, mesmo que ela seja um pouco infundada.

Aquela você já existiu, então pode voltar a ser algum dia.

Algum dia. 

             Tive um problema de saúde em 2023 e acabei sendo entubada.

            Fiz uma coisa reprovável (eu sei): arranquei o tubo da minha própria garganta. Não conseguia respirar direito e nem engolir, não podia falar e não via ninguém ao redor para me ajudar, então acabou sendo a minha única opção (errada, eu sei, mas não julgue até estar nessa posição).

            Depois de alguns meses, comecei a sentir terríveis pontadas doloridas em minha garganta e rouquidão. Fui ao médico e ele alegou que era refluxo, então tratei, mas, ao final do tratamento, minha voz continuava ruim.

            O tempo foi passando, métodos alternativos foram empregados e nada da minha voz voltar ao normal, o que incomodava bastante uma pessoa que precisava falar alto em sala de aula e ainda por cima cantava.

            A situação se tornou insustentável, o que me fez ir atrás de uma fonoaudióloga, a qual solicitou um exame específico para ver minhas pregas vocais.

O diagnóstico? Um granuloma, que é basicamente uma bolinha impedindo que minhas cordas vocais fizessem a movimentação esperada corretamente, resultando naquela rouquidão e eventual dor (esta última foi embora com alguns exercícios passados pela fonoaudióloga).

Acabei tendo que fazer uma cirurgia (e a recuperação foi uma semana sem falar, bem difícil para uma tagarela como eu), a qual foi um sucesso. Tudo certo, ok, já posso voltar a cantar, certo? Errado, poro algum motivo, minha voz perdeu toda a sua potência e, não importava o que eu fizesse, eu não conseguia alcançar as notas que costumava.

Ok, vamos de tratamento fonoaudiológico. Fiz mais de dois meses de acompanhamento e exercícios todos os dias (que ainda faço até hoje). Desta forma consegui voltar a cantar, certo? Mais ou menos. Consegui cantar sem ficar rouca, mas ainda não alcançava as notas e nem tinha muita força. Na verdade, os verbos deveriam estar no presente, pois ainda não consigo alcançar notas que antigamente eram fáceis para mim e a potência continua sendo um sonho distante.

Gravei músicas com essa voz mais ou menos, voltei para as aulas de canto (com o meu professor me dizendo que minha voz, após dez sessões de fonoaudiologia, parecia recém-saída da cirurgia), tenho uma apresentação importante em setembro e... o que dizer? Acho que já ficou claro que o desespero está batendo.

O trabalho é minucioso, com exercícios todos os dias e muito treino, que eu pretendo fazer até chegar a um ponto de mínima excelência para a minha performance.

O real problema é que travas psicológicas podem estar atrapalhando este processo, mas isso é assunto para outro texto.

Me deseje sorte nesta jornada (eu vou precisar). 

 

Acho que vou ter que te deixar

E tenho medo

Pois não quero abrir mão

De tudo o que vivemos

E de você

Mas também não quero abrir mão

De um futuro que eu possa vir a ter

Sem você

 

... sem você...

 

Eu não quero ficar sem você